Após um apelo das principais sociedades médicas do país, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mudou as regras referentes aos implantes hormonais manipulados no Brasil. Na prática, proibiu aqueles com finalidades estéticas, para desempenho esportivo e ganho de massa muscular, e manteve liberados os para tratamentos médicos. Porém, estabeleceu novas regras para tornar mais rígida a prescrição e venda e vetou qualquer propaganda sobre implantes hormonais manipulados no país, sejam eles permitidos ou não.
Os implantes são uma modalidade de terapias com hormônios – que também podem ser feitas de forma oral, com injeção, geis tópicos, entre outras vias de aplicação. No caso dos “chips”, eles são inseridos sob a pele e liberam aos poucos a substância ao longo do tempo, muitas vezes por meses ou até anos, o que os tornam mais práticos e ganham apelo entre determinados públicos.
A questão que tem acendido o alerta de entidades médicas e da agência sanitária é sobre os implantes que são feitos em farmácias de manipulação. Isso porque a legislação brasileira permite que esses locais manipulem formulações personalizadas, o que abriu caminho para a venda dos produtos com os mais diversos fins.
— Toda medicação passa por um rigoroso processo de análise para ser aprovada, mas as farmácias de manipulação podem produzir qualquer substância que tenha esse registro na Anvisa em outros formatos. Por exemplo, se existe um comprimido de determinada substância, ela pode fazer um implante com ela — explica Maria Celeste Wender, presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
— Os hormônios agem em inúmeros locais do organismo, então a sua prescrição precisa ser mais cuidadosa. E precisamos ter o controle de que o implante vai continuar liberando por todo o tempo indicado a medicação. E isso não tem muitas pesquisas com esses implantes de manipulação. O que nós sabemos é que eles podem levar a níveis altos do hormônio no sangue por essa dificuldade técnica e, uma vez inseridos, não conseguimos retirá-los.
Ainda assim, o principal problema tem sido a prescrição excessiva com indicações não médicas, que muitas vezes envolvem manipulações com doses elevadas de hormônios para fins estéticos, de ganho de massa muscular e desempenho esportivo – o que não conta com respaldo científico sobre eficácia e, especialmente, segurança.
Com informações: O Globo