Nesta semana, os Estados Unidos registraram o primeiro caso grave de gripe aviária H5N1 em humanos, o que acendeu o alerta sobre um vírus que tem se expandido e provocado um surto sem precedentes entre vacas leiteiras e trabalhadores rurais no país. A origem provável da contaminação do paciente, que está hospitalizado, foi o contato com aves doentes. Com ele, já são 61 pessoas infectadas desde abril pela exposição a animais.
Considerado o atual epicentro do H5N1, os EUA registraram 10,8 mil aves selvagens infectadas e 123 milhões de aves para criação, em granjas de 50 estados. Entre as vacas leiteiras, após o registro inédito da doença na espécie, em março, já são 865 rebanhos afetados em 16 estados americanos.
— Essa dispersão no gado leiteiro e a magnitude com que o vírus tem se disseminado em mamíferos são indicativos de que poderemos ter problemas. Só a dimensão do surto em aves no início já apontava para uma situação de um grau elevado de cuidado. Esse decreto de emergência na Califórnia tem respaldo na preocupação que muitos temos em como essa situação vai se desenvolver — avalia Fernando Spilki, virologista da Universidade Feevale e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vigilância Genômica de Vírus.
Helena Lage, professora da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, diz que além do risco direto para os trabalhadores rurais há o fato de o vírus ter sido encontrado no leite produzido pelas vacas. A pasteurização inativa os vírus, porém alguns locais comercializam leite cru, que já chegou a ser recolhido devido à identificação do H5N1.
A gripe aviária diz respeito a um conjunto de cepas do Influenza que circula principalmente entre aves. A cepa H5N1 surgiu ainda em 1996, com os primeiros surtos em animais e humanos no ano seguinte. Desde 2021, no entanto, novas mutações têm levado o H5N1 a se expandir entre aves e de forma inédita entre espécies de mamíferos, como leões-marinhos e vacas, além de para novas regiões do planeta. No Brasil, por exemplo, foi identificado pela primeira vez em aves silvestres no ano passado.
Com informações: O Globo