O governo russo anunciou, nesta semana, que dará início à oferta gratuita de vacinas terapêuticas contra o câncer em 2025, o que repercutiu rapidamente nas redes como uma nova esperança no combate a uma doença que mata cerca de 10 milhões de pessoas anualmente, segundo a OMS. Embora as doses não tenham estudos clínicos publicados que comprovem a segurança e a eficácia, o plano é lançá-la ainda no início do ano, disse o diretor geral do Centro de Pesquisa Médica em Radiologia do Ministério da Saúde da Rússia, Andrey Kaprin, segundo a agência de notícias estatal Tass.
A dose utiliza a tecnologia de RNA mensageiro (RNAm), a mesma empregada nos imunizantes contra a Covid-19 da Pfizer/BioNTech e da Moderna, e que vem sendo estudada por outras farmacêuticas para o combate a tumores. No final de novembro, a diretora da Agência Federal de Medicina e Biologia (FMBA, da sigla em inglês) do país, Veronika Skvortsova, falou que foram quase três anos de testes.
— É bem provável que existam estudos em andamento com o uso desta tecnologia, mas o ideal seria entender como esse procedimento será realizado. Acredito que deva estar sendo planejado um estudo com uma amostragem de pacientes, e não a aplicação da vacina direta para a população como uma terapia já aprovada para uso — avalia Maria Ignez Braghiroli, oncologista clínica e membro do Comitê de Tumores Gastrointestinais da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
O desenvolvimento de novos medicamentos, como remédios e vacinas, envolvem diversas etapas de estudos necessárias para que agências reguladoras analisem a segurança e eficácia do produto e o aprovem para a venda. Após ser desenvolvido, o medicamento é submetido a testes pré-clínicos, com animais em laboratório, e depois a pelo menos três etapas de estudos clínicos, com humanos.
Em junho, o ministro da Saúde russo, Mikhail Murashko, disse que os testes pré-clínicos, com animais em laboratórios, tinham previsão para terminar apenas neste ano e que a expectativa era “obter os primeiros resultados até o final do ano e iniciar os testes clínicos”.
Quando a criação da vacina foi anunciada, em abril, Veronika mencionou testes para câncer colorretal, melanomas e glioblastomas. De acordo com Murashko, a dose foi desenvolvida em conjunto por cientistas do Centro Nacional de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, do Instituto de Pesquisa Oncológica Hertsen de Moscou e do Centro de Pesquisa do Câncer Blokhin.
Com informações: O Globo