Pesquisa dos aliados rebaixou logo a Vice
O roteiro que os contratantes de pesquisas querem impor a aliados e adversários revela que o respeito entre esses ex – amigos caiu vertiginosamente. O tom raivoso das repercussões demonstra uma unica verdade, a de que aproxima- se uma carnificina moral de se chamar de macaco e pisar no rabo.
Por Francisco Araújo – Da Embaixada em Brasília
A exatos dois anos das eleições gerais de 2026, já circula no Acre uma pesquisa com intenção de votos para cargos majoritários (governador e senadores). No próximo pleito, duas vagas de senador estarão em disputa – atualmente ocupadas por Márcio Bittar (União) e Sérgio Petecão (PSD). O primeiro turno das eleições de 2026 está previsto para o dia 4 de outubro.
A pesquisa do Data Control, cujo método de aferição e contratantes não foram revelados, causou questionamentos. Mara Rocha (MDB), ex-deputada federal e postulante declarada a uma das vagas no Senado, não ‘engoliu’ os dados divulgados.
“É muito estranho que meu nome sequer seja mencionado”, disse Mara. Outro fato, no mínimo curioso, para a ex-deputada, “é meu nome aparecer como candidata ao governo, algo que nunca manifestei nos meios de comunicação ou nas minhas redes sociais”.
Para Mara Rocha, “há um interesse muito claro com esse tipo de manipulação”. A pesquisa aponta Gladson Cameli com 45,2% das intenções, seguido por Jorge Viana (11,3%), Jéssica Sales (9%) e Márcio Bittar (%). A deputada federal Socorro Neri (PP) e o senador Sérgio Petecão (PSD) aparecem com 4,9% e 4,6%, respectivamente, numa provável simulação para a primeira vaga; 9,4% disseram não saber, e 7,3% anularam a escolha ou disseram não preferir nenhum deles.
O fato curioso é que a pesquisa indica apenas percentuais de nomes que teriam obtido maior aceitação popular, e não informa a relação completa dos nomes inseridos na pesquisa, o que é incomum nesse tipo de aferição popular.
Institutos de pesquisa conhecidos no país expõem dados completos de seus levantamentos, com gráficos, relação integral de seus participantes, com os respectivos percentuais, de forma a garantir transparência e credibilidade ao levantamento.
Simulação do segundo voto
Ainda conforme divulgado, a pesquisa do Data Control teria feito simulação para a opção da preferência do eleitor para o segundo voto ao Senado. Nesta, Gladson (na primeira, obteve 45%) cai para 17%, uma diferença de 28,2%. Márcio Bittar e Jorge Viana aparecem empatados tecnicamente com 12,1% e 12%, respectivamente. Enquanto Socorro Neri salta de ínfimos 4,9% para 11,7%, um crescimento de 6,8 pontos percentuais. Petecão vai de 4,6% para 8%.
Em relação à primeira vaga, outro dado curioso: o número de pessoas que anularam a opinião sobe de 7,3% para 10,5%, enquanto 14,6% disseram não saber em quem votar; na primeira, o percentual foi de 9,4%, uma diferença de 5,2 pontos.
O levantamento ainda somou as simulações da primeira com a segunda opção de votos, o que infla percentuais. Desse modo, Gladson atingiria 62%, Jéssica 23,5%, Jorge 23,3%, Márcio 19,9%, Socorro 16,6% e Petecão 12,6%.
De acordo com o divulgado, a pesquisa teria ouvido 1.338 pessoas entre 23 e 29 de dezembro de 2024, nas cidades de Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Sena Madureira, Tarauacá, Feijó e Brasiléia. Juntas, as cidades constituem o maior colégio eleitoral do Acre.
Milhões para livrar Gladson na Justiça
Nos bastidores, o jogo é jogado na base de ‘um olho no padre, outro na missa’. Aliados de Gladson Cameli aguardam, com ansiedade, o desfecho da primeira denúncia por corrupção que tramita no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Além da denúncia já formalizada, Cameli responde a outros oito inquéritos por corrupção no STJ.
No caso de revés jurídico, o que poderia inviabilizar as pretensões de Gladson para o Senado, o tabuleiro senatorial mudaria completamente. Outros nomes, já ventilados na pesquisa, seriam inseridos ao sucedâneo do espólio eleitoral de Cameli. Um deles seria Socorro Neri, que, aliás, já trabalha com essa carta na manga (mais adiante mais detalhes das movimentações de Neri nesse sentido).
O próprio pai de Gladson, o construtor Eládio Cameli, cujo império é sediado em Manaus (AM), confidenciou num convescote com amigos num restaurante de Brasília (DF) que estaria disposto a gastar parte de sua fortuna para livrar o filho das encrencas judiciais em que se meteu. Eládio teria, num ato de inconfidência, teria dito estar disposto a botar a mão nos cofres de suas empresas e gastar até R$ 1 bilhão para salvar a pele do filho.
Pelo volume de dinheiro que os Cameli já gastaram com escritórios de advocacia de Brasília e Manaus no inquérito que originou a primeira denúncia contra o governador no STJ, não seria difícil a projeção se concretizar. É esperar.
Outros nomes no tabuleiro
No caso de revés judicial de Gladson no STJ, o que se saberá com o fim do recesso do Judiciário, a partir do próximo dia 20, outros nomes da política local passariam a figurar no cenário para uma das cadeiras ao Senado.
As movimentações de Socorro Neri indicam nesse sentido. Além de formar uma base significativa de prefeitos e vereadores nas eleições municipais, sabe-se, nos bastidores, que Socorro trabalha para fazer dobradinha com seu fiel escudeiro, o secretário Aberson Carvalho de Sousa (Educação), no cargo desde janeiro de 2023. Nesse caso, Socorro disputaria uma das vagas do Senado, com as bênçãos de Gladson, e Aberson sairia para deputado federal, ocupando, caso eleito, o lugar de Socorro na Câmara.
No MDB, a indicação para as vagas ao Senado promete capítulos emocionantes. De um lado, os ‘Cabeças Brancas’ do partido, comandados pelo ex-prefeito Wagner Sales, após a morte do cacique Flaviano Melo, teriam a tendência de optar pelo nome de Jéssica Sales. Ela vem a ser filha de Wagner. Nas últimas eleições municipais, Jéssica foi derrotada por uma diferença de 197 votos na disputa pela Prefeitura de Cruzeiro do Sul. O prefeito Zequinha Lima (PP) venceu a disputa com a ajuda de Gladson e seus aliados.
Se Gladson sofrer revés judicial, o União Brasil pode entrar na disputa pelo Senado. Esse cenário foi aventado em meados do ano passado. Numa reunião em Brasília, a família Rueda tentou convencer o deputado Coronel Ulysses a aceitar a empreitada, caso ficasse fora da disputa. Nesse caso, o partido daria o suporte financeiro necessário a Ulysses, que, segundo participantes do encontro, declinou, de início, da oferta que lhe foi feita.
A estratégia da família Rueda é puramente eleitoral. Com o advogado e empresário Antônio Rueda na presidência do partido, o irmão Fábio Rueda, que é primeiro suplente de deputado, pavimentaria seu caminho para concorrer a uma cadeira na Câmara dos Deputados nas próximas eleições. Fábio assumiu por 121 dias o lugar de Eduardo Velloso, também do partido, e pretendia ficar mais tempo. Como não conseguiu, se aproximou de Cameli e entrou na campanha de reeleição do prefeito Tião Bocalom (PL), em Rio Branco.
A aproximação a Gladson rendeu a Fábio Rueda um cargo comissionado. Assumiu a Secretaria de Assuntos Institucionais do governo do Acre, em Brasília, com salário de R$ 19.196,00 mensais.
No PT, embora não declare publicamente, o provável nome é Jorge Viana, ex-governador, ex-senador e atual presidente da Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Atração de Investimentos). O presidente Lula já teria manifestado a Viana seu desejo de vê-lo disputando uma das vagas de senador pelo Acre. Nesse caso, o interesse de Lula é que Jorge Viana faça uma dobradinha com Sérgio Petecão.
O partido de Petecão, o PSD, ocupa três ministérios no governo Lula (Agricultura e Pecuária; Minas e Energia; e Pesca). O presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, teria endossado a dobradinha Viana – Petecão.
Aliado de Lula no Senado, Petecão indicou cargos importantes no Acre: Ibama (Melissa Machado), Incra (Márcio Rodrigo Alécio), Polícia Rodoviária Federal (Hênzoo da Silva Albuquerque), Polícia Federal (Carlos Rocha Sanches), DNIT (Ricardo Araújo), Suframa (Jéfferson Barroso) e Superintendência da Pesca no Acre (Paulo Ximenes).
Barroso assumiu a coordenação regional da Suframa, mas pediu exoneração alegando interferências políticas no órgão. Especula-se que sua saída teve como estopim o fato dele não apoiar a candidatura de Marcus Alexandre, aliado de Petecão.
Paulo Ximenes foi guindado ao cargo por Petecão por ser considerado articulador político do senador e atuar nas estratégias do PSD no Acre.
Mailza escasquetou
Na manhã deste Sábado, 4, foi a vez da própria Vice – governadora Mailza Gomes protestar. Candidatíssima, o nome dela apareceu em derradeiro lugar entre os poucos pesquisados.
Ela disse que não é neófita em Política para nao saber que pesquisas feitas com antecedência têm por objetivo queimar possíveis candidatos.
A pesquisa foi feita pelo Instituto Data Control, instrumento de Marketing ha mais quatro anos a servico do Governo que ela possivelmente herdará.
Mailza reafirmou que não arreda pé e que só ” desígnios de Deus” a poderão demover de disputar o Governo.