Antes de começar no cargo, novo premier já é reprovado por dois terços dos franceses, aponta pesquisa

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

Uma pesquisa divulgada neste domingo serviu como uma ducha de água fria para o presidente da França, Emmanuel Macron, e para o novo premier, François Bayrou: os números apontam que dois terços dos franceses já desaprovam Bayrou antes mesmo do início formal dos trabalhos ou do anúncio de um novo Gabinete. Havia a expectativa dos nomes serem confirmados neste domingo, algo que Macron prometeu fazer até o Natal.

De acordo com os números do instituto Ifop, publicados pelo Journal du Dimanche, 66% dos entrevistados se disseram descontentes com o nome de Bayrou para liderar o quarto Gabinete francês apenas em 2024. Os números são piores dos que os de Élisabeth Borne (46% de descontentes), que deixou o cargo em janeiro, e dos que os de Gabriel Attal (46%) e até de Michel Barnier, que ficou no posto por menos de 100 dias (55% de descontentes). O nível de impopularidade é o mais alto já registrado para um premier em seus primeiros momentos no posto.

Para muitos dos ouvidos, Bayrou é um político “à moda antiga”, “velho”, “acumulando mandatos e tendo demonstrado oportunismo” para chegar ao posto de primeiro-ministro. Outros citaram que ele, apesar de ser um político experiente, há 30 anos não ocupa cargos ministeriais como titular — o último foi como titular da Educação nos governos de Jacques Chirac e François Mittterrand, nos anos 1990. Ele ainda chefiou o Ministério da Justiça, de forma interina, no primeiro mandato de Macron, em 2017.

Também conta contra ele a proximidade com o presidente, cujo governo é aprovado por apenas 24% dos entrevistados ouvidos pelo Ifop. O posicionamento “centrista suave”, pouco afeito a enfrentamentos, também não é algo que os franceses entendam como o melhor estilo para lidar com um país e uma Assembleia Nacional fraturados.

Bayrou é a mais recente tentativa do presidente Emmanuel Macron para aplacar a crise — em boa parte causada por ele — que se arrasta desde a convocação de eleições legislativas antecipadas em junho e julho, após a vitória da extrema direita na votação para o Parlamento Europeu. Seu bloco de apoio na Assembleia Nacional perdeu espaço, e a esquerda e a extrema direita saíram como as principais forças, cada qual exigindo ocupar um pedaço no Gabinete, ou o controle do novo governo.

Macron, por sua vez, decidiu escolher um premier vindo da direita “tradicional”, Michel Barnier, o que não agradou os principais blocos parlamentares. Menos de 100 dias depois, ele foi derrotado em um voto de não confiança, e se tornou o terceiro premier a deixar o cargo apenas em 2024. No começo do mês, Macron anunciou o nome de Bayrou, apostando em seu histórico parlamentar e sua suposta capacidade de apaziguar os ânimos.

Com informações: O Globo