Caso Mércia: Mizael Bispo processa irmão da vítima, juíza e até Datena

Condenado a 22 anos e 8 meses pelo assassinato da ex-namorada Mércia Nakashima, o ex-policial militar Mizael Bispo de Souza tem se dedicado a uma rotina intensa nos tribunais desde que passou ao regime aberto em 2023. O agora ex-detento vem acionando desafetos na Justiça por declarações públicas que, segundo ele, ferem sua honra.

Em abril de 2024, Mizael entrou com um processo contra o deputado estadual Márcio Nakashima (PDT), irmão da vítima, alegando calúnia. O parlamentar havia declarado que Mizael estaria advogando ilegalmente e mantendo um relacionamento com uma mulher casada. Márcio sustentou que as acusações vieram de denúncias de advogados. A mulher negou qualquer envolvimento afetivo, descrevendo a relação como uma amizade de longa data.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) confirmou a exclusão de Mizael de seus quadros em 2023, o que impede sua atuação como advogado. A Justiça negou o pedido de Mizael para que Márcio fosse proibido de citá-lo na imprensa, com base no direito à liberdade de expressão.

Relembre

Apesar de nunca ter admitido o assassinato de Mércia Nakashima, Mizael foi condenado com base em provas circunstanciais e técnicas. O crime ocorreu em 23 de maio de 2010. A advogada desapareceu após sair da casa dos pais e, durante os 20 dias seguintes, Mizael chegou a participar das buscas. Em 11 de junho, o corpo dela foi encontrado na represa de Nazaré Paulista, dentro do carro submerso. Ela havia sido baleada no rosto, desmaiado, e foi deixada viva no veículo, que foi empurrado para a água, resultando em morte por afogamento.

Fragmentos de alga marinha encontrados nos sapatos de Mizael coincidiram com a flora da represa. O Ministério Público sustentou que o crime foi motivado por ciúmes e desejo de vingança. Mesmo foragido após a decretação da prisão preventiva, ele foi capturado quatro meses depois e julgado em 2013, em um júri televisionado nacionalmente.