A dependência química, a drogas como cocaína, crack, fentanil, ou a substâncias lícitas como álcool e cigarro, é um problema de saúde pública global para o qual a comunidade médica ainda não encontrou um tratamento eficaz. Diante disso, pesquisadores buscam novas abordagens. Uma delas consiste na aplicação de vacinas.
Nos Estados Unidos, uma vacina contra o fentanil começará a ser testada em humanos. No Brasil, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão desenvolvendo uma vacina contra o vício em cocaína e seus derivados, como o crack, que é uma mistura da substância com bicarbonato de sódio ou amônia.
No entanto, seu mecanismo de ação é um pouco diferente das vacinas tradicionais, que são usadas para prevenir doenças como sarampo, poliomielite, Covid-19, gripe, entre outras. No caso das vacinas para dependência química, o objetivo é impedir que a substância chegue ao cérebro, o que elimina o “barato” da droga.
A estratégia é apontada como uma possível opção terapêutica para prevenir recaídas em indivíduos que já estão em tratamento.
A questão é que, ao contrário de vírus e bactérias, que já são reconhecidos como um invasor pelo corpo, as drogas não geram naturalmente uma resposta imune do organismo. Então, para que a vacina funcione, os pesquisadores precisam, primeiro, fazer com que o corpo reconheça a droga como um invasor e gere anticorpos contra ela.
— O que vem se fazendo para que o organismo gere anticorpos contra as drogas é combiná-las com alguma substância capaz de gerar imunidade — diz o psiquiatra especialista em álcool e drogas André Malbergier, gerente médico do Serviço de Álcool e Drogas do Instituto Perdizes (IPer) do HCFMUSP.
Com informações: O Globo