Flaviano Flávio Batista de Melo, ex-prefeito, ex-governador, ex-deputado federal e ex-senador, faleceu na tarde desta quarta-feira, 20, aos 75 anos. Ele estava internado na UTI do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, tratando de uma pneumonia e não resistiu. A morte cerebral foi confirmada por familiares horas após desmentirem boatos divulgados por alguns veículos de comunicação do estado.
Nascido de uma família com profunda tradição política, Flaviano era neto do advogado e professor Flávio Batista, fundador do antigo Ginásio Acre – hoje Colégio Acreano – e filho de Raimundo Hermínio de Melo, destacado opositor do regime militar no Acre. De quem herdou a personalidade visionária. Flávio foi o fundador do PTB, com Oscar Passos e outros baluartes da política. No entanto, sua notoriedade é atribuída também ao próprio pai. Através dele, o então deputado estadual pelo PMDB, assumiu a Prefeitura de Rio Branco, em 1984, por indicação de Nabor Júnior, que se elegera governador em 1982, primeira eleição direta pós-ditadura.
Carreira de liderança e modernização
O trabalho modernizador da administração e a forte personalidade democrática o ajudaram a fomentar o movimento social. Em sua gestão como prefeito, Flaviano estimulou a formação de associações de moradores, democratizou as decisões sobre tarifas de ônibus ao criar o conselho tarifário com ampla participação popular, reparou a infraestrutura da capital e em 1986, foi eleito governador do Acre, assumindo o comando do estado durante a Nova República e posteriormente foi eleito senador.
Debilitado por um AVC na vigência do mandato como senador, afastou-se dele, mas ainda voltou e continuou na vida pública; com sequelas, concorreu e ganhou para deputado federal.
Legado político e social
Com 40 anos de mandatos ininterruptos, Flaviano foi responsável por projetos marcantes, como a construção de bairros, investimentos em saneamento básico e abastecimento de água, e iniciativas voltadas à sustentabilidade ambiental. Ele também fundou a Fundação Hospitalar do Acre. Como senador, foi o parlamentar brasileiro, pioneiro a enxergar a necessidade de descarte de lixo eletrônico, sugerindo ao congresso lei que até hoje disciplina sobre o armazenamento de baterias de smartphones, posteriormente aprovada e vigente até hoje. Aos 75 anos de idade completados no mesmo dia em que o Tratado de Petrópolis comemorava 121 anos de anexação do Acre ao Brasil, Flaviano Melo era um dos recordistas.
Homenagens e luto oficial
Flaviano Melo presidia o MDB do Acre e foi fiador da aliança que apoiou o candidato derrotado a prefeito de Rio Branco Marcus Alexandre em 2024 e era um exemplo de militante. Chegando sempre antes de todos aos chamados “bandeiraços” e pontual nos compromissos políticos. O governo do Acre decretou luto oficial de três dias em sua memória. O governador Gladson Cameli ofereceu as dependências do Palácio Rio Branco, sede do governo estadual, para o velório e as homenagens fúnebres.
Flaviano Melo foi um dos últimos governadores a despachar no Palácio Rio Branco antes de Edmundo Pinto, assassinado em 1992, e do próprio Gladson Cameli. Seu falecimento marca o fim de uma era na política acreana, deixando um legado de dedicação à vida pública e ao desenvolvimento do estado. O corpo de Flaviano deve ser trasladado para o Acre nos próximos dois dias, segundo informações de seus familiares.