A mudança climática tem tornado ondas de calor mais frequentes e preocupa muito os médicos por causa dos idosos, grupo em que a taxa de mortalidade sob altas temperaturas é maior hoje. Um estudo que analisou estatísticas de óbitos e o histórico meteorológico do México, porém, mostram que em países tropicais o grupo mais afetado no futuro pode ser o dos jovens.
O novo trabalho, realizado por cientistas americanos, foi um dos primeiros a usar para este fim os registros de um país com bolsões importantes de clima úmido, onde o impacto do calor se dá de forma diferente. Nessas regiões tropicais, à medida que a crise do clima avança, o aumento no número de óbitos de idosos por calor deve ser similar à queda do número de óbitos por frio. Esse efeito de compensação, porém, não deve ocorrer entre os mais jovens.
Os cientistas mostram como chegaram a essa conclusão em um artigo publicado na revista Science Advances na sexta-feira. Primeiro, eles recolheram dados de óbitos do país de 1999 a 2019. Depois, cruzaram esses dados com informações de temperatura e umidade de estações meteorológicas em cada lugar.
Isso os permitiu saber qual era o perfil etário de pessoas das mortes excedentes em cada lugar exibindo excesso de calor ou frio. Esse cálculo foi feito tanto em número de mortes absolutas quanto em número de anos de vidas perdidos, considerando a expectativa de vida para a pessoa.
Quando esses dados são projetados para o futuro, levando em conta um cenário medianamente pessimista de aquecimento global, deverá ocorrer uma transferência de mortes do grupo idoso para o jovem no México, poque o calor vai piorar, enquanto o frio vai se atenuar.
“A mortes por extremos de temperatura entre aqueles menores de 35 anos vão subir 32%, enquanto entre outros grupos etários vão cair 33%.”
Com informações: O Globo