'Nem parece que não tenho estômago, como de tudo', conta Fabio Faraj, que fez uma gastrectomia preventiva

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O gerente de produtos de oncologia Fabio Faraj, de 39 anos, descobriu em 2018 que era portador da mutação no gene CDH1, que aumenta consideravelmente o risco de desenvolver câncer de estômago. Após o diagnóstico ele foi submetido a uma gastrectomia total (nome do procedimento que retira completamente o estômago) e, após um período de adaptação, conseguiu retomar a uma rotina normal, comendo praticamente de tudo, sem exageros.

Faraj descobriu a mutação após seu pai ser diagnosticado com câncer de estômago – e um médico achar estranho o fato de vários familiares terem já sido diagnosticados com o mesmo tumor – e ele realizar um teste genético.

Em geral, eles são indicados para analisar cânceres hereditários em família de alto risco. Talvez o exemplo mais emblemático disso seja a mutação do gene BRCA, que levou a atriz Angelina Jolie retirar as mamas e os ovários há cerca de uma década para prevenir a doença após descobrir que era portadora de uma mutação que aumenta o risco de câncer em diversos órgãos. Jolie realizou o teste genético, pois perdeu a mãe, a avó e uma tia para o câncer.

Ao GLOBO, Faraj conta sua trajetória do diagnóstico à retirada do estômago e recuperação e alerta para a importância de estar atento à presença de diversos casos de câncer na mesma família.

Em 2017, meu pai foi fazer uma endoscopia de rotina. Minha mãe me mandou o resultado do exame e a primeira palavra que eu lembro de ter visto naquele meio todo foi “carcinoma”. Eu já trabalhava em uma empresa farmacêutica, com um produto de oncologia, então já conhecia bastante do assunto e sabia que ia começar uma longa batalha para o meu pai e toda a família. Ele ficou meses no hospital por causa do tratamento. Como o tumor estava num estadiamento um pouquinho mais avançado, ele fez o tratamento tradicional com quimioterapia e cirurgia aberta, e teve uma recuperação muito difícil. Ao mesmo tempo que foi uma coisa ruim ele ficar tanto tempo no hospital, ele teve a chance de conhecer muitos médicos e um deles levantou a questão de que tinha muitos familiares do meu pai que tiveram câncer. Até então, não tínhamos conectado os pontos. Minha avó faleceu de câncer gástrico, a irmã do meu pai faleceu de câncer gástrico e meu primo de 33 anos foi fazer uma cirurgia, que agora não me lembro bem para que, e descobriu um tumor. Ele fez gastrectomia e está curado. Mas eram muitos casos na mesma família. Então meu pai fez um exame genético. Eu só fiquei sabendo disso no dia que ele me ligou no trabalho, o que ele nunca faz, então eu sabia que era importante. Ele estava super nervoso, pedindo que eu fosse ao hospital no dia seguinte falar com a oncogeneticista porque ele tinha feito um exame genético que deu positivo e talvez eu tivesse um risco aumentado de câncer gástrico.

Com informações: O Globo