Após seis anos de espera, o julgamento dos cinco policiais militares acusados pela morte de Maria Cauane, de 11 anos, Gleiton Silva Borges e Edmilson Fernandes da Silva Sales terminou em absolvição no último domingo, 8, provocando forte indignação entre os familiares das vítimas. O caso, ocorrido em maio de 2018 durante uma operação policial no bairro Preventório, em Rio Branco, levantou questionamentos sobre a conduta policial em áreas periféricas.
O advogado Walisson dos Reis, representante da família da menor, criticou duramente a decisão, destacando a composição do júri e os indícios apresentados nos autos. Ele acompanhou as intensas sessões do julgamento na 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Rio Branco.
“Revolta os familiares que esperaram mais de seis anos para se fazer justiça, onde agentes do Estado cometeram uma chacina em um bairro pobre aqui de Rio Branco, um bairro periférico. Não fariam a mesma coisa em um bairro nobre”, afirmou.
Além disso, ele reforçou que ações estão em curso contra o Estado para reparar as famílias atingidas. “Há ações em curso contra o Estado aqui do Acre para reparar essas famílias, para indenizar essas famílias pelos danos que seus agentes causaram a elas. Não se trata de querer ganhar dinheiro em cima dessa tragédia. Dinheiro nenhum vai trazer nenhuma dessas pessoas que foram mortas, nem a Cauane, nem o Gleiton, nem o Edmilson, que foi retirado de dentro de casa e executado por policiais militares. Está provado nos autos, mas os jurados reconheceram que eles eram culpados e mesmo assim absolveram”, destacou.
O advogado apontou falhas na investigação e afirmou que houve proteção aos acusados. “Você espera tantos anos, uma investigação toda cheia de corporativismo para proteger esses policiais. E digo mais, há diversos policiais desses que participaram desse crime, que respondem por outros crimes: homicídio, tortura. Ter um policial que está condenado em segunda instância por pertencer ao Comando Vermelho é uma vergonha para a corporação aqui do Acre”, salientou.
O advogado também destacou as disparidades no sistema de justiça. “Eu garanto a vocês que se fosse qualquer pessoa do povo, senão policiais, teria pegado mais de 30 anos de cadeia. A justiça não foi aplicada nesse caso porque são policiais militares, mas se fosse outro do povo, eu garanto a todos vocês que teriam pego pena máxima. Não foi legítima defesa. É um caso grave de uma chacina praticada por agentes públicos do Acre. No corpo de jurados, reconheceram que eles eram culpados, mas mesmo assim absolveram”, afirmou.
Com informações: AC 24 horas