Agro ameaça retaliar França e cortar vendas para o Carrefour

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Medida foi adotada em resposta ao grupo ter anunciado que na França não comprará mais carne do Mercosul

Em resposta à decisão do grupo Carrefour na França de não importar mais carne do Mercosul, os principais frigoríficos brasileiros, como JBS e Marfrig, anunciaram que também deixarão de vender carne para o Carrefour no Brasil. O CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, justificou a medida como uma forma de pressão contra o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. O Ministério da Agricultura brasileiro lamentou a postura do Carrefour, considerando-a protecionista e sem fundamentos técnicos. O ministro Carlos Fávaro apoiou a decisão dos frigoríficos de interromper as vendas ao Carrefour, argumentando que se a carne não é considerada adequada para o mercado francês, não deveria ser vendida no Brasil também. A Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), que engrossou o movimento de repúdio, foi informada da suspensão das vendas de carnes no Brasil, por iniciativa da indústria.

O CEO do Grupo Carrefour na França, Alexandre Bompard, argumentou que a rede varejista não compraria mais carne dos países que compõem o Mercosul – Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – como forma de pressionar contra o acordo do bloco sul-americano com a União Europeia.

Nesta sexta-feira, o CEO do grupo varejista francês Les Mousquetaires, Thierry Cotillard, endossou o boicote às carnes oriundas da América do Sul em suas redes de supermercados Intermarché e Netto. Em publicação nas redes sociais, ele afirmou que as varejistas do grupo se comprometem a não comercializar o produto sul-americano, seguindo a iniciativa do seu concorrente Carrefour.

Várias entidades representativas do agronegócio brasileiro condenaram a medida anunciada pelo grupo francês.

Reação brasileira

Em nota oficial publicada no mesmo dia 20, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) lamentou tal postura que, por questões protecionistas, influenciam negativamente o entendimento de consumidores sem quaisquer critérios técnicos que justifiquem tais declarações.

O posicionamento do Mapa, diz a nota, era de não acreditar em um movimento orquestrado por parte de empresas francesas visando dificultar a formalização do Acordo Mercosul – União Europeia, debatido na reunião de cúpula do G20 nesta semana. “O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, finalizou o texto.

Conforme reportagem publicado pelo portal O Estadão, o ministro da Agricultura brasileiro, Carlos Fávaro, passou a reagir reagindo com veemência ao movimento francês. Ele endossou o posicionamento de entidades do setor produtivo e da indústria brasileira de carnes, que sugeriram o não fornecimento de carnes ao Carrefour também no Brasil, após a suspensão da compra de proteínas do Mercosul pelas unidades francesas do grupo.

“Me surpreende a presidência local aqui no Brasil dizendo “não, nós vamos continuar comprando porque nós sabemos que tem boa procedência. Quem não quer comprar é a matriz lá, a França”. Ora, se não serve ao francês, não vai servir aos brasileiros. Então, que não se forneça carne nem para o mercado desta marca aqui no Brasil”, disse Fávaro a jornalistas na noite desta quinta-feira, 21, em evento de comemoração de dez anos da Abrafrutas (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados).

Nesse mesmo sentido a Abiec (Associação Brasileira dos Exportadores de Carne) se pronunciou nesta quinta-feira, 21, em nota de repúdio: “Se o CEO Global do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, entende que o Mercosul não é fornecedor à altura do mercado francês – que não é diferente do espanhol, belga, árabe, turco, italiano –, as entidades abaixo assinadas consideram que, se não serve para abastecer o Carrefour no mercado francês, não serve para abastecer o Carrefour em nenhum outro país.”

Assinaram a nota a ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), SRB (Sociedade Rural Brasileira) e FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

A ABIEC deverá se pronunciar sobre a postura adotada pelos frigoríficos brasileiros, em resposta ao embargo do grupo francês.

Contatado pela coluna Lado Rural, o Carrefour respondeu que vai verificar o tema e retornará assim que possível.

Por: José Roberto dos Santos